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Foto do escritorAndré Riço

“Aquilo é um mocho no rótulo?”

Com a semana preenchida e com o recolher obrigatório ao fim de semana tem sido impossível para um enófilo perder o tempo que costumava perder numa garrafeira e descobrir coisas interessantes, contudo ainda se vão encontrando algumas surpresas, tal como este vinho que vos falarei.


Após uma semana atarefada e com algumas obrigações domésticas por fazer num fim-de-semana, decidi fazer um desvio na correria, mesmo que implicasse andar em contrarrelógio para cumprir o recolher obrigatório, na volta das compras no Mercado de Cascais e entrar numa garrafeira, onde encontrei uma bela surpresa: Cabeço do Mocho Grande Escolha 2013. O rótulo por si só me suscitou algum interesse “Aquilo é um mocho no rótulo?”, pensei eu.

Este vinho, proveniente da região Demarcada do Dão, é produzido na Quinta das Camélias, na aldeia da Sabugosa, no concelho de Tondela. Propriedade com 23 hectares dos quais 17 são vinha. A vinha foi recuperada após a sua aquisição em 2002, uma vez que se encontrava num estado de semiabandono.


O início de produção de vinho nesta propriedade não está documentado, contudo existem registos do século XII fazendo referência à produção de qualidade desta quinta. A qualidade do vinho produzido nesta quinta foi validado pelo embaixador Português nos Estados Unidos da América, em 1940 onde o vinho consumido na embaixada seria resultante da produção da Quinta das Camélias, onde inclusive as barricas seriam lacradas com a chancela da Embaixada.


O vinho que provei deste produtor foi o Cabeço de Mocho Grande Escolha 2013. Elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen, provenientes de terrenos xisto/argilosos (Pouco frequentes nesta região, já que na mesma predominam solos Graníticos) podemos encontrar um vinho com características únicas, fresco e elegante, mas, ao mesmo tempo encorpado e rústico.



NOTAS DE PROVA:

-Cor Grená com laivos de um Acastanhado


-Nariz - Com o vinho a temperatura de serviço (cerca de 15ºc) no primeiro impacto conseguimos notar um vinho fechado e bastante complexo, refletindo os anos de envelhecimento em garrafa. A medida que vai abrindo alguns aromas de fruta preta como cereja e ameixa são os protagonistas, acompanhados subtilmente com um toque abaunilhado, conferido pelos 6 meses de envelhecimento em barricas usadas de Carvalho Francês e Americano.

- Na boca um vinho com presença e estrutura, mas muito equilibrado. Com uma frescura ainda bastante presente. Algumas notas de fruta preta como mirtilo enchem-nos o palato acompanhados com um ligeiro toque de cravinho fumado, que nos surpreende a cada vez que o provamos.


O final de boca é longo e persistente onde predomina os sabores de especiarias, como noz-moscada ou até mesmo açafrão.


Tendo em conta as suas componentes aromáticas e sabores eu acompanharia este vinho com uma carne de vaca estufada com batata e ervilhas, vitela assada no forno ou mesmo um entrecosto com Chouriço e Grelos. Pode também acompanhar com queijos intensos como um queijo de cabra curado.


Podemos concluir que é um vinho bastante interessante e gastronómico, surpreendeu pela positiva e valeu bem o desvio feito no meio da correria da manhã.


AUTOR : André Riço


Espero que tenham gostado, alguma duvida ou sugestão comentem ou enviem para o nosso mail em whatsfordinner.wines@gmail.com ou através do nosso Instagram.

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