O vinho que vos trago hoje é um algo particular: um clarete. Este estilo de vinhos por definição será um vinho tinto vinificado com menor maceração e consenquente menor extração de compostos fenólicos, ou seja um vinho pouco corado, mais fresco, menos encorpado e menos tanico.
Este estilo de vinhos tem origem em Bourdeaux, França, após um casamento real ter favorecido as relações económicas entre França e o Reino Unido, sendo este vinho exportando em grandes quantidades para o Reino Unido. A vinificação deste vinho consiste na fermentação do mosto (sumo extraído das uvas que irá ser fermentado) com as partes sólidas (engaços e películas) durante um curto espaço de tempo.
O vinho que vos apresento é produzido pela Herdade Anta de Cima, situada na serra de Montargil. O produtor é relativamente recente, sendo os seus primeiros vinhos de 2012.
A Herdade Anta de Cima foca-se na importância da sustentabilidade e respeito pela natureza, tendo adoptado, na vinha, o método de “Produção Integrada” evitando o uso de produtos com grande impacto ambiental e ecológico na vinha, minimizando os efeitos secundários negativos das actividades agrícolas.
Falando acerca do vinho Rosa D’Argilla, é produzido com uma casta francesa muito usada na produção de vinho português: Alicante Bouschet. Esta casta imensamente plantada e vinificada no Alentejo, é conhecida pelos seus vinhos varietais extremamente potentes. O método de produção deste clarete assenta no loteamento de 90% de vinho vinificado com desengace total (remoção total das partes verdes dos cachos, denominados engaços) e 10% vinificados sem desengace ou desengace parcial, conseguindo extrair assim alguns compostos corantes conferindo ao vinho uma cor mais aberta e algum corpo e estrutura.
Notas de prova :
- Com cor granada ao centro evoluindo para os bordos para um profundo rosado.
- NO NARIZ - notas de fruta vermelha em compota e groselha são bastante perceptíveis, conseguimos também tirar algum aroma de especiarias, como pimenta rosa.
- Na boca - um vinho com alguma estrutura apesar dos seus 11% de álcool, com uma excelente acidez muito bem integrada no vinho, com também algum tanino vinho torna-se muito equilibrado. Podemos descortinar alguns sabores mais silvestres, herbais e ate mesmo um toque terroso muito harmonioso.
Final de boca médio, onde persiste a acidez o que demonstra o seu potencial gastronómico.
Para acompanhar este vinho tão versátil, sugeria pratos italianos, menos especiados mas mais cheios, tais como lasanha (de vegetais ou de carne), um rissotto de cogumelos, fazendo sobressair os aromas mais frutados do vinho ou como uma entrada um foie gras. Aconselharia também pratos bastante alentejanos como caça, enchidos (dos quais enchidos típicos do norte também seriam aconselháveis, como uma alheira) ou mesmo uma rica sopa da pedra.
Este vinho será uma excelente amostra do que se procura ao voltar a tradições antigas, quebrando o preconceito de que um bom vinho tem que ser um vinho encorpado e com muito álcool.
AUTOR : André Riço
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